SPCD, A História: Segundo Capítulo

Olá!
O que vocês acharam do capítulo de ontem? Prontos para continuarmos a nossa história?
Hoje vamos conhecer melhor a segunda vertente da companhia, que é a área de Educativo. Eu confesso, me emocionei muito ao escrever sobre essa parte, e vocês já vão entender o porque...
Desejo à todos uma ótima leitura!

Lado a Lado com a Educação:
“A segunda vertente é a área de Educativo, que se subdivide em três eixos. O primeiro são as Palestras para Professores, que são formadas por vários temas onde nós sempre buscamos relacionar alguma área do conhecimento com a dança. O filme mais recente fala sobre moda, que é “Uma Roupa que Dança”, onde nós abordamos a relação do figurino com a história da dança, com a cena, a sua importância no tempo, e nós também convidamos profissionais para falar sobre o assunto. Outros documentários são “Vida de Bailarino”, que fala mais sobre o universo da companhia e “Caixa Preta”, que fala sobre os bastidores da caixa cênica, explicando os detalhes técnicos da montagem de um espetáculo, onde se mostra, por exemplo, o que é uma bambolina, como se coloca uma gelatina na luz, etc. Mas apesar de se chamar “Palestra para Professores”, que é o nome antigo (o novo se chama “Palestra para Educadores”), essas palestras são para o conhecimento de todos”.

Há ainda mais dois DVDs produzidos pela companhia, mas não foram citados pela Marcela no dia da minha visita: “A Dança no Tempo” e “Nos Passos da Dança”, ambos lançados em 2008. No primeiro se aborda os aspectos gerais da História da Dança, e no segundo são abordados o universo de três obras apresentadas pela companhia em 2008: a história dos Ballets Russes (acredito se tratar da peça “Les Noces”), a trajetória do coreógrafo Paulo Caldas (criador de “Entreato”) e o contexto em que foi criada Serenade, de George Balanchine.
Capa do Livreto "A Dança no Tempo", que acompanha o DVD

Eu simplesmente acho o máximo essa área da SPCD, pois como eu mesma já observei, a grande maioria das pessoas enxerga a dança, principalmente o Ballet Clássico, com uma certa distância. Acredito que um dos motivos pra que isso aconteça seja pelo fato do Ballet não ser uma arte popularizada no Brasil. É bem verdade que nós temos excelentes companhias, como a própria SPCD e o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, mas infelizmente, a nível nacional, elas não tem o mesmo destaque e prestígio que o futebol, por exemplo.
E essa proposta da companhia vai muito mais além do que vocês imaginam...

“Os professores recebem esse material e nós sempre sugerimos a realização de atividades. Como a Dança é obrigatória nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, os professores acabam não sabendo como agregar isso às matérias do curriculum escolar. Então nós damos dicas: um professor de Matemática pode, por exemplo, trabalhar com a Dança utilizando os ângulos formados no corpo do aluno durante um exercício”.
Essa imagem é um modelo perfeito para ilustrar o exemplo dado pela Marcela. 
Aqui são mostrados os diferentes ângulos formados no corpo de um bailarino 
durante a execução de três exercícios ao longo do tempo.

“George Balanchine é um coreógrafo de origem russa, que vai para os Estados Unidos, e de repente nós estamos interpretando uma obra dele aqui no Brasil. Como um professor de Geografia pode traçar esse mapa para seus alunos? Na Física é possível trabalhar o Movimento Circulatório. A bailarina vai girar se ela não estiver no eixo? Porque os bailarinos giram mais rápido quando estão os braços “fechados” (em 1ª posição)? Essas são apenas algumas formas que nós sugerimos para integrar a Dança nesse contexto”.

Outra coisa que a Marcela falou é sobre o aprendizado pela prática, pois você costuma ter uma primeira impressão quando vê algo novo, e essa perspectiva muda a partir do momento que você experimenta no seu próprio corpo. Isso realmente faz uma grande diferença! A aula ministrada por Beth Bastos no primeiro dia do Seminário Internacional de Dança da SPCD não me deixa mentir...

“Muitos professores preparam esses alunos para um segundo momento, que é onde entra o nosso segundo eixo da área de Educativo: Os Espetáculos Abertos para Estudantes. A cada cidade que visitamos nós levamos um programa completo, aqui em São Paulo nós também fazemos isso. Esses espetáculos tem um caráter totalmente didático, eles geralmente duram cerca de 1 hora, e nós sempre apresentamos uma obra completa ou parte dela, e nos entremeios nós exibimos vídeos e realizamos algumas atividades: eles sobem ao palco para experimentar o movimento no próprio corpo, nós costumamos fazer uma brincadeira com as cinco posições do ballet, tudo com o intuito de aproximar os alunos desse universo. E pra essas apresentações nós também produzimos um material educativo, com textos curtos, pois a criança não vai ler um “programa grande”, e sempre tem a ilustração de um artista plástico, reiterando a proposta de trazer pessoas para perto de nós que vão olhar pra essa dança de outro jeito”.

Atividades Educativas em Mongaguá - SP
Março/2013

“Além desse material, os professores recebem uma folha onde eles vão trabalhar com o aluno posteriormente em sala de aula. Funciona assim: nós fazemos um trabalho com o professor e ele vai preparar os alunos para irem ao teatro. A maioria deles está indo ao teatro pela primeira vez! Nós vemos os alunos chegando, nós conversamos com eles, eles experimentam os gestos, começam a entender o que é uma sapatilha de ponta, quem é o coreógrafo que criou a obra que eles vão assistir, e depois nós recebemos de volta muitas coisas como desenhos (um mais lindo e criativo que o outro), poemas, redações... É esse retorno que nos dá a certeza de que o nosso trabalho teve algum efeito, pois os alunos foram tocados e tiveram alguma percepção sobre as obras apresentadas. É muito gratificante! E é importante ressaltar que todas essas atividades, bem como os materiais, são totalmente gratuitos”.

As crianças se divertem durante as atividades da SPCD em Vitória - ES
Abril/2013

“As oficinas, que formam o terceiro eixo do Educativo, tem o objetivo de conhecer um pouco da realidade da dança da cidade que nós estamos visitando. Quem são aqueles bailarinos? Quem são aqueles professores? Que dança eles fazem? E ao mesmo tempo as pessoas tem a curiosidade de entender e saber qual é a dança que nós fazemos. Por isso nós proporcionamos aulas com os nossos professores pra que eles conheçam um pouco dessa técnica e da realidade dentro de uma companhia de dança profissional. São dois tipos de oficina: Técnica de Ballet Clássico, que é a ferramenta do bailarino, da rotina diária dele, e Repertório em Movimento, onde são ensinados trechos de obras que fazem parte do repertório da companhia. Essa segunda oficina é muito legal, pois quando as pessoas vão assistir ao espetáculo elas acabam reconhecendo no palco um passo ou uma sequência que elas aprenderam, e de alguma forma, elas se veem no nosso trabalho”.

O Prof. Boris Storojkov ministrando a oficina Técnicas de Ballet Clássico em Araraquara - SP
Março/2013

As inscrições para as oficinas são realizadas no próprio site da companhia (eu já me informei e não é preciso ser bailarino formado para participar dessas oficinas), e para saber sobre as próximas atividades é só acessar o link abaixo:
http://spcd.com.br/oficina_para_bailarinos.php

Como é linda essa maneira que a SPCD encontrou de aproximar pessoas comuns, como eu e você, desse universo de infinitas possibilidades que se chama Dança!

Mas por hoje chega de dançar!!! Amanhã mais novidades vem chegando por aí...

*Entrevista com Marcela Benvegnu, Coordenadora de Educativo, Memória e Comunicação, realizada em 29/10/2012 na sede da SPCD, em São Paulo/SP

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